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miércoles, octubre 24, 2007
Adriana Lisboa: coragem para assumir sua própria voz
Adriana Lisboa habla español, pero lo habla poco. Ha contestado mis curiosidades con los matices sonoros de un Brasil encendido. Su portugués es tan cadencioso como la melodía tropical salsera que se baila aquí. Su ideología de la literatura es que la salva, que es esencial, que no podría hacer otra cosa si no escribiera.
Me dice:
Yolanda.
Mil desculpas pela demora.
Acabei decidindo te responder em português mesmo, pois em espanhol eu demoraria ainda mais...
Se você quiser, pode traduzir as respostas. Surgindo alguma dúvida, estou por aqui.
Besito,
Adriana
www.adrianalisboa.com.br
http://caquiscaidos.blogspot.com/
Que surpresa, se algum, lhe deu o encontro Bogotá 39?
A surpresa foi encontrar um grupo tão amigável, como um dos participantes já disse, que deitou por terra aquele mito dos escritores e seus egos imensos e impenetráveis. Também creio que foi bastante bom constatar que pensamos de modo parecido a literatura e realizamos de modo bastante distinto nossos textos. Que não há escolas ou geração, mas apenas contemporaneidade.
Que você está indo escrever após o encontro?
Estou escrevendo um romance curto ambientado na cidade de Paris, um trabalho encomendado pelo projeto Amores Expressos, que está mandando 16 autores brasileiros para 16 cidades do mundo com o objetivo de escrever um livro.
Que conselho que você ofereceria àqueles que querem escrever para a primeira vez?
Algo que já disse várias vezes quando dava oficinas de escrita: coragem para assumir sua própria voz, humildade diante de seu próprio trabalho. Às vezes penso que começar a escrever é um pouco parecido com começar a dirigir um carro: você se acha o melhor motorista do mundo, até que dá uma batida e fica mais humilde, passa a ter a real dimensão do que é.
Você evita alguns assuntos quando você escreve?
Não. Muito pelo contrário. Gosto de desafios.
Descrever-nos seus maniacs, hábitos impares, amulets ou retornos quando você começa um livro novo.
Não tenho muitos. Normalmente escrevo ou em silêncio ou ouvindo música instrumental (jazz, 90% das vezes). Claro que a música desaparece quando estou realmente envolvida com a escrita, mas de tempos em tempos ressurge, e gosto da companhia. Também gosto da companhia do café. Gosto de estar de porta fechada, perto da janela que dá para as montanhas. Mas tudo isso independe de ser um livro que começo a escrever ou um que já estou terminando.
A quem você ama quando você escreve?
Depende do livro. Às vezes amo um personagem. Às vezes amo alguém que vira personagem, que empresta seus traços ao personagem. Às vezes amo o leitor hipotético com quem, através do livro, vai se estabelecer alguma comunicação. Acho que essa é, sobretudo, a finalidade da escrita – além daquela outra que todos conhecemos, a de reciclar nossa própria existência e nossas experiências, muitas vezes incompreensíveis, domesticando-as ao problematizá-las no texto.
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